terça-feira, 16 de setembro de 2014

MUDE OS SEUS HÁBITOS, E MUDE TUDO!

Muito do que acontece em cada dia da nossa vida é o resultado de velhos padrões de comportamento que funcionaram para nós no passado – hábitos vs. escolhas; reação vs. pensamento consciente; intuição vs. intenção. Pense nas milhares de escolhas que realiza ao longo do dia:
  • As suas ações quando chega à secretária pela manha;
  • Como reage quando passa por um colega;
  • Como se prepara para as reuniões.
Qual a percentagem de escolhas que faz em modo consciente? Com que cuidado você pensa sobre os objetivos e as intenções que suportam cada escolha?
Não há nada de errado com os hábitos. Sem hábitos não fariamos rigorosamente nada. Tente passar um dia inteiro a pensar intencionalmente sobre cada escolha que faz. Vai ficar mentalmente exausto. Porém, a verdadeira habilidade está na capacidade de reconhecer que existem novos comportamentos benéficos para a situação atual.
Quem o diz é Mindy Hall, Presidente e CEO da Peak Development Consulting. Um dia Mindy trabalhou com uma nova presidente de uma empresa que tinha as qualidades de um grande líder. Ela estabeleceu altos padrões para si e para a sua equipe. A sua intenção era promover um ambiente de inovação, mas a sua forma de trabalhar trazia medo aos restantes colaboradores que passavam a olhar apenas para a perfeição.
A primeira coisa que disse a sua equipe é que valorizava o pensamento out-of-the-box, mas sempre que surgiam novas ideias ela mergulhava nos detalhes e destacava os obstáculos. Com este processo a equipe sentia-se sufocada e criou-se uma atmosfera formal. Quando ela percebeu que se estava a tornar mais intencional sobre o seu comportamento e o impacto deste no ambiente, a organização viu uma mudança drástica num espaço de seis meses. O resultado: várias ideias inovadoras.
A capacidade de se comportar de uma nova maneira é uma questão de disciplina e atenção. Qualquer um que procure a mudança, normalmente passa por três camadas de crescimento.
1. A consciência é a base de qualquer mudança. Antes que possa mudar, deve ter uma compreensão cognitiva do que está tentando mudar e por quê. Examine os seus objetivos e seja específico. Considere o seu comportamento de forma honesta. Peça feedback e seja um bom ouvinte. Em seguida, escolha conscientemente as mudanças que irão ter maior retorno sobre o investimento e corra atrás dessas.
2. Integração transforma cognição em comportamento. Este salto é complexo e é o que causa maior frustração. Pense, por exemplo, sobre uma dieta. Mesmo que o seu cérebro mantenha a imagem da perda de peso, é bem possível que acabe com um saco de M&M’s mesmo antes de perceber, comportamentalmente, que isso vai contra o objetivo do seu cérebro.
Especialmente quando está sobre stress, é fácil voltar rapidamente aos velhos padrões porque eles fornecem uma medida de conforto. A boa notícia é que, de acordo com um estudo de 2010 do European Journal of Social Psychology, fugir da linha ocasionalmente não parece ter impacto na formação de um novo hábito. Seja persistente.
3. Concretização é sobre consciência ao longo do tempo. O crescimento é um processo, não um evento. De acordo com o estudo acima, a automatização de um novo comportamento leva, em média, 66 dias. A consistência tem um efeito cumulativo: quanto mais se comporta de uma maneira específica, maior a probabilidade do comportamento continuar. Seja paciente.
Como o modelo mostra, a mudança bem sucedida é uma questão de escolha e consistência: o reconhecimento de um desafio ou oportunidade, decidir agir de forma diferente e resolver ser persistente. Não é fácil; no entanto, está sobre o seu poder. Pergunte a si mesmo: O que quero alcançar? Quem quero ser como líder? O que preciso para chegar lá? Reconheça que tudo o que faz reforça ou diminui esses objetivos. Cada momento é uma escolha.

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"MELHORES PRÁTICAS" PODEM SER DESASTROSAS - SAIBAM POR QUÊ

Sabe aquela ideia que parecia ótima anos atrás e por isso está sendo adotada até hoje? Pode não ser mais tão boa, mesmo que esteja na lista sagrada das “melhores práticas” da empresa.

Freek Vermeulen, professor da London Business School e blogueiro do site da Harvard Business Review, expõe três motivos errados para essas práticas se prolongarem, e dá um exemplo interessante.

Há muitas décadas, a maioria dos jornais do mundo, pelo menos no campo da imprensa “séria”, circula no formato standard, o das folhas grandes, que exige que o leitor abra os braços para ver o conteúdo interno. O custo de impressão nesse formato é mais alto do que o dos jornais tablóides. Mesmo assim, os donos das empresas sempre afirmaram que mantinham o tamanho grande porque os leitores rejeitariam uma mudança. Só que, em 2004, um dos jornais mais respeitados do Reino Unido, o The Independent, adotou o formato tablóide e as vendas dispararam. Outros seguiram o exemplo e o resultado foi igualmente positivo.

Veermeulen foi procurar de onde veio o hábito da folha grande na Inglaterra. A origem foi uma lei de 1712 que passou a taxar os jornais com base no número de páginas. As empresas reagiram aumentando o tamanho das folhas. E isso continuou mesmo depois de 1855, quando a lei foi abolida.

Essa história contém as três falsas verdades que sustentam práticas ineficientes ou mesmo desastrosas. São elas:

1. “Todo mundo faz assim” - As “melhores práticas” percorrem certos setores da economia em efeito dominó. A ideia é: se a concorrência adotou esse princípio e está se dando bem, só pode estar certa. Não é uma conclusão sem cabimento. O que as pessoas se esquecem de cogitar é que, como no caso dos jornais, tudo podia fazer sentido no início, mas o contexto mudou e o hábito continuou, agora sem sentido.

2. A armadilha do curto prazo – Algumas práticas já são nocivas desde o começo, mas o efeito custa um pouco a se manifestar – e aí pode ficar difícil conectar causa e efeito. O exemplo dado por Veermeulen é de uma pesquisa acadêmica que ele próprio conduziu. Era sobre clínicas de fertilidade no Reino Unido. Alguns anos atrás, várias delas começaram a testar, selecionar e restringir sua clientela de fertilização in vitro a casos considerados “fáceis”, e isso resultou num crescimento da porcentagem de procedimentos bem-sucedidos. No entanto, a pesquisa também detectou que essa política, no longo prazo, fez com que as clínicas se tornassem incapazes de aprender e progredir, como mostrou a porcentagem de sucesso, que estacionou.

3. Mitos que se autoperpetuam – Profecias autorrealizadoras têm o agravante de, por razões óbvias, revelarem com mais dificuldade a inconsistência de seus fundamentos. Por exemplo: as produtoras de Hollywood acreditam que, se encherem seus filmes de astros de primeiro time, vão garantir uma bilheteria mais alta – o que de fato acontece. Mas, para fazer jus aos astros, as companhias também investem recursos maiores no marketing e na produção desses filmes. Uma pesquisa das universidades de Yale e Maryland provou, no entanto, que, descontados esses gastos, os filmes em si não têm desempenho melhor do que os de orçamento e elenco mais modestos. Mas isso não é evidente para ninguém, muito menos para os altos executivos muito seguros do que “funciona” ou não.

Moral da história: questionar e pôr as coisas em perspectiva são melhores práticas do que muitas das “melhores práticas”.